sábado, 17 de dezembro de 2011

alegria, alegria

A alegria do povo brasileiro é linda. Antes de me mudar pro exterior pela primeira vez, quando tinha 19 anos e fui em busca dos meus sonhos nos Estados Unidos- mais especificamente Flórida, eu já tinha ido a algumas festas e visto como as pessoas se entregam facilmente aqui no Rio de Janeiro. À alegria. Diferentemente de lá, no tão famoso, desejado e idolatrado E.U.A, onde as pessoas viviam sendo entretidas e trabalhavam muito-não tinham tempo para a felicidade, ou não sabiam como fazer, ou tinham medo dela. Era na verdade triste viver lá, para uma pessoa que consegue ver um pouquinho mais do que o superficial. Eu percebia que havia algo de errado com as pessoas. Estranho- ou não? Que eu às vezes sinto a mesma sensação agora, morando na Noruega.
Lá o carro chefe do país não é o entretenimento- não existem shoppings imensos, produção frenética de filmes, ou grandes times como os de basquete nos Estados Unidos. As pessoas passam mais tempo na natureza, esquiando, andando de bicicleta, acampando na floresta, entre outras coisas mais. Essa é uma parte que eu gosto, talvez isso os ajude a encontrar o equilíbrio e serem pessoas mais calmas, pacíficas. Mas e a alegria? É difícil ver alguém morrendo de rir, dançando com um sorriso sincero de quem não quer mais nada além daquele momento. Vivendo o presente como um verdadeiro presente. Isso eu não vi muito por lá não. O álcool é a estratégia deles para ir um pouco mais além e deixar aflorar as emoções que estão reprimidas quase que por um todo no dia-a-dia. Não é incomum que se abracem, se beijem e façam muito mais do que isso após alguns copos. Naquele momento deixam de ser robôs e deixam aflorar por algumas horas o que está por baixo da casca. Pena que isso só aconteça talvez umas 5 ou 10 horas por semana?
Viver se reprimindo quebra a espontaneidade da vida. As crianças são ensinadas desde de pequenas a não olhar para as pessoas, a não falar com estranhos. Enquanto no Brasil, as crianças são ensinadas a mandar beijo e dar abraço nos estranhos, e o pai exibe orgulhoso o filho de 10 meses que já sabe demonstrar afeição.
O que fazer eu, com meu senso de humor, cultura lindíssima que transborda por todos os poros do meu corpo, para me adaptar por completo no país em que eu escolhi morar? Será que terei que sacrificar uma parte muito bonita de mim para ser aceita nessa sociedade? Será que devo parar de olhar para as pessoas na rua e por consequência disso parar de observar o que acontece ao meu redor? Não, não venha me dizer para olhar de canto de olho. Nunca aprendi isso com meus pais.

4 comentários:

  1. Eu qdo vim para a Noruega senti na pele essa coisa do apagar meu brilho, diminuir meu ritmo, essa paixão em viver, em ter contato com as pessoas e dividir a vida, a alegria, o afeto. Eles são mais polidos e menos passionais que nós, naturalmente estranham nosso jeito espontâneo e festivo... mas no fundo, acredito que eles gostariam de ter um tiquinho disso.

    Eu não deixo de ser o que sou, claro que procuro sentir o ambiente, tem gente que não sabe lidar com isso em nós latinos e outros não se sentem à vontade com abraços, beijos de um amigo, e não são só os noruegueses, tem muito estrangeiro aqui que estranha nosso jeito de ser e agir.

    Na minha família eu não abraço todo mundo, pq sinto a resistência deles.. mas os que posso abraçar, eu abraço mesmo... meu sogro é um desses, minhas cunhadas tb, exceto uma. Com as crianças eu tomo cuidado pq tb não são todas que gostam desse contato físico com quem eles não conhecem direito. Minha enteada me abraça às vezes.. eu que fico assim de abraçar ela o o irmão, por medo da reação deles e da mãe deles.

    Mas o filho que terei em breve vai aprender desde cedo a ter e gostar desse contato físico com os amigos e familiares.. amar se aprende amando, se doando :)

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  2. Daniela você está grávida? Eu não sabia, parabéns!

    Eu continuo beijando todos no rosto quando encontro, claro que não na vida profissional. Pelo que observei, eles gostam do nosso jeito carinhoso, ajudei muito meu marido no relacionamento familiar, no início quando eles se encontravam apertavam a mão um do outro, eu já ia logo dando aquele abraço e eles sorriam, depois comecei a implicar quando eles apertavam a mão e dizer: ah não, cumprimenta direito, dá um abraço! E aos poucos eles foram se liberando mais, porque sabem que eu sou brasileira e fico feliz por ensinar alguma coisa boa pra eles... No fundo eles têm é medo de se expor, de serem rejeitados, mas quem não gosta de um abraço sincero? Já aconteceu comigo de uma norueguesa bêbada vir me abraçar. Eu nem a conhecia. rs. Por aí você vê como eles sentem falta de carinho, mas não tem coragem de tomar iniciativa quando estão sóbrios.
    Outra situação que posso dar como exemplo, meu marido disse que a mãe dele nunca disse eu te amo para ele. Ele por consequência nunca disse de volta. Mas como ele vê meu relacionamento com minha família, já disse eu te amo para minha mãe! Agora eu insisto que ele deve dizer para a mãe dele, e tenho certeza de que um dia vou conseguir isso. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura! rs
    Agora o mais importante de tudo Daniela, é que a gente se adapte à Noruega mas não deixe morrer o que é de mais bonito no nosso povo. A alegria de viver, a espontaneidade, a generosidade... Creio que esse é um dos nossos maiores desafios pela frente, já vi muitas brasileiras que perdem isso e fica uma coisa estranha né? Porque nunca seremos norueguesas, mesmo depois de 20 anos morando aí. Se deixarmos de ser brasileiras, o que vamos ser?

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  3. Marcelildes, minha querida,

    Estou agora vivendo com Brasil, ce sabe ne? rs... O post em que você comentou no meu blog é bem antigo, mas eu adoro! adoro viver naquele meu mundo de fantasionildes! rs... e tenho até um post prontinho do "retorno da sonildes" ha 3 semanas! voce me lembrou dele..

    Bem... ha quanto tempo voce mora em Oslo?

    Se me permite minha humilde opiniao, eu nao acho que a saida seja olhar de canto de olho. Ela também não é fechar os olhos e ela não é viver triste sonhando com o rapaz caloroso chamado Brasil. Você mesma fala claramente dos pontos bons dos noruegueses. Acho que o grande drama, não sei ainda se e seu caso, pois acabo de chegar aqui, e quem tem que escolher. Se vc e casada com noruegues parece uma escolha "mais forcada"... voce ama a noruega, mas ama o brasil... e ai? mas precisa viver ai! o meu caso era outro. Então eu consegui, apesar dos dilemas, viver um periodo muito bom na suecia. Tive meus dramas como voce tambem!

    Se vc me perguntasse hj qual a melhor saida eu diria: a saída única e certa para sua felicidade, onde quer que esteja, é você aceitar cada povo, cada cultura, cada lugar, cada pessoa com quem cruzar como ela é. Não como ela deveria ser! mas como ela é.

    Isso não quer dizer que você deva esquecer de mostrar seu jeito, de ser calorosa, de querer amor mais aberto, voce pode fazer isso e pode até falar com as pessoas disso, mas você não deve ter o desejo e o sonho de mudá-las.

    Eu sei que isso é óbvio! Eu sei que vc já sabe disso, mas eusei tambem que na prática de uma vida fora a gente não pratica realmente isso. Aceite a "frieza" do norueguês, porque ele aprendeu a SER ASSIM. Aceite o calor brasileiro, mas também sua submissão a tantos desmandos porque a gente é assim, embora claro a gente possa agir diferente.

    Entende?

    Não é engolir sapo. É simplesmente tomar o fato. Pegá-lo com carinho e guardá-lo para você.

    Isso do brasileiro ser tão generoso etc é algo que fica mais forte quando estamos longe. Só para você ter uma idéia a única vizinha, em 9 lugares aptos onde vivi em 10 anos, até hoje quem me ofereceu um café com a família dela foi uma sueca. No Brasil todos me dizem "vamos fazer isso" "aquilo" bla bla... e no fundo continuamos nos nossos grupos. Entende? Somos sim muito mais abertos, mas embora eu tenha feito isso no meu blog e faça ainda muito comparar é legal para aprender e acrescentar, mas neste quesito aí de como cada grupo é só fará você sofrer. E se não fizer sofrer vai impedir de ser muito feliz.

    E eu desejo que a Marcelildes não fique tão pressionada a escolher entre Brasil e Noruego, porque a Sonildes acabou percebendo que iria ficar com os dois... e depois que não ficaria com nenhum deles exatamente, mas com o que ela tinha de bom de cada um nela.

    É isso minha querida!

    Desculpe a ladainha imensa... eu fiz um curso que amei esses dias e estou nesta falação terrível! rs... você foi a cobaia!

    beijos!
    somnia.

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  4. Que legal sua visita e comentário! Sempre bom ter pessoas que acrescentem e mostrem um outro ponto de vista.

    Respondendo seu comentário, acho impossível não comparar os dois amores, talvez seja uma fase de quem ainda está se adaptando, talvez isso fique comigo para sempre. Mas acho muito válido ter fonte de comparação, apesar de às vezes ser dolorido, morar fora é uma experiência incrivelmente engrandecedora.

    Quanto à frieza do Noruego ( rsrsrs como eu adorei esses codinomes!) Eu estou numa fase de achar que não é frieza... Que no fundo todos tempos os mesmos sentimentos por dentro, apenas alguns não expressam ou talvez expressem de maneira diferente. E o Brasil pode sim muitas vezes ser frio, quando deixa de cuidar do próprio povo, da própria cidade em prol de ter mais dinheiro para si, quando trai a mulher ( ou homem) que cuida dele(a) etc e tal. Também é verdade isso de falar que vai fazer isso e aquilo e nunca fazer. Como eu odeio que façam isso comigo! rsrs.

    Você mandou muuuito bem quando disse para não tentar mudar as pessoas, mas aceitar como são. Acho que eu erro nesse ponto, não consigo me conformar que elas não mostram carinho e emoções rsrs. No fundo eu tenho esperança em tornar a Noruega um pouco mais Brasil... hehehe

    E que curso foi esse que te inspirou tanto? Eu amo fazer cursos também! Bjs

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