sábado, 26 de agosto de 2017

Essa é a mistura do Brasil com o Egito

E finalmente pousei pela primeira vez em solo africano.
Com a Egypt air, 5 horas de vôo direto de Madrid, tive o primeiro choque cultural: pedi vinho tinto pra acompanhar minha janta e claro, eles não servem álcool. Eu não sabia muito bem como me vestir então usei calça e blusa de botão. No avião, vi várias mulheres espanholas com roupas curtas. A comida no avião não foi nada de especial. Eu imaginava que seria apimentada, mas depois descobri que aqui não é comum.
No aeroporto mesmo, tem uns pequenos balcões onde com 25 dólares o turista ganha um adesivo que levado à imigração, é colado e assinado no seu passaporte: o visto egípcio. Tive que apresentar o passaporte outras duas vezes até sair. Passei por muitos muçulmanos africanos, claro! Ainda não tinha caído a ficha mas eu estava na África! Eles não se consideram africanos, mas sim do Oriente Médio.
 Saí no desembarque e não vi a pessoa que vinha me buscar. Eu vi um amontoado de gente no lado de fora do aeroporto: fiquei com medo e não saí. Liguei pra pessoa que ia me receber e me disse que estava do lado de fora me esperando. Aí entendi que ninguém pode aguardar dentro do aeroporto por razões de segurança. Pois é, o Egito sofreu alguns atentados terroristas nos últimos anos, o que afastou muitos turistas. Se eu tenho medo? No dia que cheguei em Madrid teve um atentado em Barcelona. Sou do Rio de Janeiro, então, você pode imaginar que não tenho medo de nada.

O motorista nos levou pelas ruas empoeiradas pela areia do deserto até o Mena House, um verdadeiro oásis bem próximo do deserto do Saara e com a vista da pirâmide mais visitado do Egito. Pra entrar no hotel, mais procedimentos de segurança: abriram o porta-malas do carro, cachorros farejadores e depois as malas passaram por escanner. Cada porta dos pequenos prédios onde ficam os quartos tinham guardas e escanner.
No dia seguinte fomos ao tour com a maravilhosa guia Abir que nos levou em 3 pirâmides sendo 2 complexos de pirâmides de diferentes dinastias. A primeira, Saqqara tinha um museu e foi onde a primeira dinastia construiu a primeira pirâmide. Na outra pirâmide parte desse complexo, depois de uma descida bem íngreme,eu vi, pela primeira vez, hieróglifos. Foi uma emoção muito grande estar em uma pirâmide de mais de 4mil anos e ver que eles tinham sua própria escrita, armas, escova de cabelo, rituais e até mesmo sandálias! Me senti tão pequena e insignificante ali.
Também foi emocionante ver pela primeira vez o deserto do Saara: as pirâmides estão bem na fronteira com o deserto. Passamos por muitas palmeiras mas a época das tâmaras é somente mês que vem,  setembro. Não se sabe ao certo quantos habitantes têm no Egito, mas estima-se que no Cairo morem por volta de 15-20 milhões de pessoas.
 A motocicleta é bem comum aqui, e levam até três pessoas de uma vez, todas sem capacete. Reparei também que a população é bem gorda e os índices de diabetes são bem altos: comem mal e se exercitam pouco.
De dentro do avião mesmo eu pude avistar muitos campos de futebol, eles simplesmente amam e mesmo na revista do avião tinham propagandas do Neymar e entrevista com o Ronaldinho Gaúcho. Vi também na cidade outdoor com o Neymar e vários homens com boné e camisa do Brasil.
Nos lugares que fui não sofri muito assédio, mas eram lugares bem turísticos e com guardas. Um vendedor em uma das pirâmides me achou muito bonita e depois a guia me disse que ele gostou muito de mim e falou que eu parecia um pato do Egito- um elogio muito grande, parece. Já fui chamada de muitas coisas na vida mas de pato foi a primeira vez.

   Antes de vir ao Egito, perguntei à algumas pessoas que já tinham vindo como foi a experiência delas. "É horrível, é sujo, é um calor insuportável, todo mundo fica com infecção intestinal lá", disseram. Curiosa pelo mundo que sempre fui, decidi vir e formar a minha própria opinião.   
Vir ao Egito é sair da sua zona de conforto: o trânsito demora, não tem planejamento urbano e sim, temos que ter cuidado com onde comemos e bebemos.
 Mas a experiência é enriquecedora: passei umas horas emocionantes dentro do museu do Cairo, vendo as 4 caixas e caixões estilo bonecas russas (uma dentro da outra) onde foi enterrado Tutancamam. Me diverti com os acessórios de mais de 3 mil anos, com o guarda-sol que sempre acompanhava o faraó, ventiladores de mão, brincos, sandálias de dedo, colares, cama folheada a ouro e até uma cama pra acampar! 
Me fascinei com a planta papiros que era usada tanto para construir barcos (parte de fora da planta, mais dura) e utilizada como papel (parte de dentro). A Bíblia, que a parte mais antiga data de 6mil anos, foi escrita em papirus então imaginem como eu amei ver como é feito o processo de transformar em papel essa planta que era cultivada nas bordas do rio Nilo. Nesse rio eu fiz um passeio de barco e vi o pôr-dó-sol egípcio.  Nas águas do rio mais longo do mundo, não se pode tomar banho pois são bem poluídas. Ao redor do rio, vê-se tanto hotéis luxuosos quanto casas bem pobres. 
Na rua em frente ao Nilo, jantei em um restaurante bem aconchegante, berinjelas com alho como entrada sempre acompanhada do pão egípcio, que é bem diferente do pão dos países que eu conhecia até agora.Provei suco de hibisco e achei uma delicia. Passam sempre rapazes carregando um instrumento de ferro com brasa bem quente, pra acender o tabaco dos narguilés que estão nas mesas egípcias. 
A maioria das pessoas pensavam que eu sou egípcia e falavam em árabe comigo, desde no famoso mercado (lembra o nosso mercado do Saara no Rj, só que essa área é também uma área muito antiga, com construções muito bonitas do ano 1.200 mais ou menos). 
Na primeira classe da Air Egypt eu era a única mulher e a comissária insistia em falar em árabe comigo. Vi uma família de egípcio entrar juntos e depois não vi mais a senhora. A Mulher aqui, realmente, é cidadã de segunda classe. A minha guia Adir me contou que o divórcio está nas mãos do homem e se ele não aceitar, a mulher precisa ir à justiça pra conseguir se separar e é um processo longo e complicado. 
Eu não tive problemas com os homens aqui. No primeiro hotel que fiquei, um verdadeiro oásis bem ao lado das pirâmides mais famosas que estão no início do deserto do Saara que ocupa Noventa por cento do território do país. 
Lá é bem internacional então pude vestir roupas ocidentais por assim dizer e não duvido que tenha entrado no livro do record Guiness com o menor bikini usado em território egípcio ever. Vi uma senhora de burkini e que me olhava com o mesmo estranhamento que eu olhava pra ela. O marido, um Tony Ramos gordo podia exibir seu peito e costas cabeludas à vontade, para o meu desgosto. 
Falando em gordo, a população é bem gorda, ouvi dizer que os índices de saúde universal no Egípcio estão péssimos. Se alimentam mal, se exercitam pouco e fumam muito. E pelo visto não têm o hábito de ir ao dentista. Conheci umas egípcias que trabalhavam na embaixada da Noruega, endinheiradas e com dentes podres. 
Simpáticas, viajadas e modernas. 
Fui à academia fazer uma aula de dança do ventre e ao salão fazer manicure e pedicure. Os dois espaços estavam em um prédio onde é proibida a entrada de homens. No salão, achei parecido com o Brasil, a única diferença é que tinha umas pias para os pés ao invés de usarem bacias como no Brasil. Achei mais pratico e higiênico. Interessante. A aula de dança foi um pouco estranha: a professora, bem bonita e sexy, somente se olhava no espelho, dançava muito rápido enquanto todas nós, perdidas tentávamos acompanhar algo. Apenas no final ela ensinou alguns movimentos. Como dançarina ela provavelmente é boa mas como professora, nota zero. De qualquer maneira pra mim foi divertido e dessa maneira pude interagir com as pessoas locais. Aproveitei pra me exibir um pouco e sambei uma música pra elas. Algumas me olhavam meio desconfiadas. Hahaha. 

Um comentário:

  1. Que maximo a maneira que você transmite sua experiência! se fosse pelos outros voce não teria ido. Ainda bem que consegue nos passar as coisas interessantes do Egito! Obrigada por compartilhar suas experiências positivas!!!!

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