quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Escola Rosenhoff

Oi gente,

Estou escrevendo para falar um pouco do lugar onde estou aprendendo norueguês. Com certeza uma das maiores escolas de ensinar norueguês para adultos em Oslo, e parece que é também a melhor*.
Comecei em março desse ano e tive uma experiência muito positiva. Me colocaram numa turma em que o ensino é mais rápido, chamada turma acadêmica. Aprendíamos um capítulo do livro ( På vei) por semana. Na minha turma só tinham pessoas com nível de estudo alto, tinha uma médica, uma administradora, uma turismóloga, uma que trabalhou para a ONU e por aí vai. Todos muito motivados a aprender, simpáticos, era o ambiente propício para o conhecimento ser semeado.
Tivemos um professor que era fera. O cara sabia ensinar, era sarcástico e nos fazia rir muito, apesar de bem velho ( uns 75 anos talvez). Se chama Olaf. Ele fazia ditados, assim podíamos treinar nossa escrita. Ele fazia perguntas à turma de como as coisas eram no país delas. Ele brincava e nos chamava de estrangeiros estúpidos, e nós morríamos de rir. Também paquerava algumas alunas, era hilário. A turma era tão legal que ninguém queria sair dela. ( Abaixo a foto da nossa primeira turma, o professor à direita com flores na mão)


 Ficamos juntos até o fim daquele período, com a exceção de uma menina do Marrocos que fazia corpo mole e logo engravidou e por isso vivia faltando. Logo mudaram ela para outra turma. Tinha também um menino do Nepal que só ia de vez em quando. Depois de uma "visita" dessas dele à classe eu nunca mais o vi. No final do período teve a festa de verão no Rosenhof. Foi o máximo. Abaixo moças da Somália fazendo as tatuagens de henna típicas na mão das alunas e o contraste das moças que cobrem os cabelos com a de cabelão.


 

Foi lindo ver tantos alunos de culturas diferentes cantando e dançando em seus idiomas.



Outros, que assistiam, eram sacudidos pela nostalgia e alegria ao ouvir músicas que conheciam, em seu idioma, e não conseguiam se controlar. Vi uma senhora que tentava ficar na dela mas que no final se entregou ao momento e dançou de forma engraçada demais. Esses alunos eram da Eritrea.Assista aqui.

 Vi uma chinesa cantar uma música romântica, linda, vestida com seu traje típico. Assista aqui. Vi os africanos fazerem a festa com seus ritmos animados, percussão e aquela alegria de viver deles. Assista aqui.Uma outra africana cantou um hino lindo, para Deus. Vídeo aqui. Comi comidas típicas, encontrei colegas e conhecidos. O resultado de todas essas experiências positivas foi me fazendo amar a escola.

A parte em que eu começo a reclamar começa aqui, depois não digam que não avisei! Rsrs

Depois disso, mais um semestre, novo professor, e as coisas começaram a mudar. Muitos alunos mudaram de horário por motivos diferentes. A maioria começou a trabalhar e foi para a noite, ou para a manhã, ou para uma turma mais devagar. 2 meninas, uma do Líbano e a outra do Irã, voltaram a seus países de origem. O novo professor, que se chama Roar Ovstein, de cara não agradou. Era também um senhor, um pouco menos velho do que o nosso querido Olaf. Começou falando muito de si e tentando ser engraçado, mas não era. Era tanta ladainha que eu, que já tenho dificuldade em me concentrar, estava ali presente só mesmo em corpo. ( Só rindo pra não chorar). Além disso o cara falava de-va-gar. Nós falamos uma língua para nos comunicarmos, e normalmente encurtamos as palavras ( está vira tá, por exemplo) porque queremos que nossa mensagem seja comunicada o mais rápido possível. Ouvir alguém falando norueguês o tempo todo, ainda por cima de-va-ga-ri-nho é chato d+.
Logo os outros alunos que tinham permanecido na turma foram saindo, um por um. Às vezes entrava um aluno novo, mas os da nossa antiga turma continuavam saindo.
Eu fui ficando cada mais mais irritada em sala, era inevitável comparar os dois professores, nos intervalos criticávamos ele e aí já não se tornou mais aquele ambiente gostoso de aprender. Comecei a ir para a escola de mau humor, não tinha vontade de estudar, comecei a falar mal do cara até mesmo fora da escola. Ele fazia umas coisas irritantes, tipo tratando a gente como crianças. Tentei mudar de turma, não reclamei dele diretamente, mas a Liv da administração estava bem defensiva em relação ao professor. Além disso era difícil achar lugar em outra turma acadêmica, eu teria que ir para uma com o ensino mais devagar. Fui levando até o dia em que uma amiga minha da turma quis fazer um abaixo-assinado para trocar de professor. Várias pessoas estavam dispostas a assinar, mas uma dedurou para ele. Então ele mandou um e-mail para mim e para essa minha amiga perguntando o que não estava bom, foi bem humilde no e-mail. Eu fiquei morrendo de pena, também sou professora e não gostaria que fizessem isso comigo. Sempre me sentia culpada enquanto eu frequentava as aulas dele. Por fim fiz sugestões, valorizei o que estava bom na aula e ele mudou um pouco mas não o suficiente para fazer a diferença, sabe? Aqui na Noruega tem um ditado que diz que não se pode ensinar brincadeiras novas a um cachorro velho.
Agora pedi para saí da turma, e vou recomeçar ano que vem em janeiro. Mas infelizmente, mais um problema aconteceu. Em janeiro é época de norskprøve 3, e através da escola os alunos que têm direito a norueguês gratuito têm também direito a fazer 2 provas gratuitamente ( a escola é quem paga). Fizemos um simulado para ver se temos chance de passar na prova. Eu fui aprovada no simulado. Mas o professor não recomenda que eu e a maioria dos outros alunos façam a prova em janeiro, mas sim em maio. Parece que é porque a Rosenhof, é considerada *a melhor escola porque é a que mais aprova alunos nas provas oficias da Noruega. E eles ganham prestígio e dinheiro com isso. E os alunos? Os alunos são colocados na geladeira até estarem bem prontos para passar na prova bonitinho e não fazer feio para a escola. Quem avalia se estamos prontos ou não é o nosso professor, apesar do simulado dizer se passamos ou não na prova escrita. O meu disse que não recomenda eu fazer em janeiro, e que por isso não quer e não vai me inscrever. A razão é que eu provavelmente não vou passar na prova oral, segundo ele ( já que na escrita tenho provas de que passo). O que ninguém conta pra gente, é que se repetirmos podemos fazer a prova de novo gratuitamente, até passar ( pelo menos foi o que entendi, me corrijam se eu estiver errada). O problema maior é que eles colocam insegurança nos alunos dizendo que eles não estão prontos, e isso pode mudar uma vida. Eu como professora penso que nenhum professor pode dizer que o aluno não é capaz. Isso para mim é abuso de autoridade e poder. Só a própria pessoa sabe de seu potencial. Algumas pessoas, as mais fracas, podem se deixar abalar por isso. Uma menina das filipinas dependia de passar no exame para ter o direito de permanecer na Noruega. Um dia veio quase chorando dizendo que ele falou que ela não ia passar. Depois disso saiu da turma e eu não sei o que foi feito dela.
A maioria dos cursos na Noruega pedem o norskprøve 3 como prova de que a pessoa tem nível de norueguês suficiente para acompanhar o curso. Sem contar que isso vale no currículo, né?  Se eu fizer em maio ao invés de janeiro, posso acabar perdendo a data de me inscrever para algum curso e só poder fazê-lo no ano que vem. Aí imaginem se eu desanimar e acabar nunca mais fazendo o curso? Me desculpem o longo texto, mas eu realmente acho um absurdo alguém interferir na vida de alguém dessa maneira. Nós nunca sabemos as consequências.

No final, acabei reclamando na direção e teve um debate e discussão com o diretor e o professor. E o diretor acabou "sugerindo"  para o professor me autorizar a fazer a prova, porque ele viu que eu não ia arredar pé do meu direito. Fica a dica pessoal. Não deixem ninguém limitar o potencial de vocês e procurem saber dos seus direitos e cobrá-los.

10 comentários:

  1. Marcelaaaaaaaaaaaa vc sumiu menina.
    Olha q eu estava comentando exatamente isso com uma amiga minha. Pera ai vamos por partes:
    Primeiro achei lindo q vcs todos amiguinhos na sala, eu não converso com ninguem da minha sala, odeio todos ahahhahahha.
    Segundo: Vc fazia curso de manha (aquele q é todos os dias) ou fazia a noite? (só dois dias por semana).
    Terceiro: ahhhhhhhhhhhh como eu queria um velhinho fofo, engraçado de professor...q inveja total desse seu curso. Meu professor não é tipo pessimo,mas tb não é lá grandes coisas ahahahah

    Quarto: Olha, como eu disse no começo, eu falava disso com minha amiga, de como eu achava isso mega errado. Tipo o professor ficou bem umas duas semanas enchendo o saco falando q deveríamos pensar se faríamos a prova (Norskprøve 3), se continuaríamos no curso ou se nem continuaríamos. Beleza. Ai um dia ele chega com um listinha e começa a perguntar quem faria ou não. E ai todo mundo maior quieto total. Ai eu disse "Pq vc não fala logo quem pode fazer a prova e quem não pq ai é mais fácil" Porra no final ele que iria escolher mesmo, pois ele iria falar quem ele autorizava fazer ou não. Ai ele me disse q ele não podia fazer isso.
    Bem ai eu falei q queria tentar e ele me deu a folha para eu preencher os dados e tal. Ai uma mina perguntou se q q ele achava dela fazer a prova, ai ele disse que ela deveria esperar e fazer mais uma vez o curso. Ai um cara falou q queria fazer o professor falou não, o cara disse que não concordava e q queria fazer e ai o professor deu a folhinha lá pra ele preencher tb.
    Olha eu não me sinto nada preparada (ainda mais pq fazemos curso de 90 horas por semestre, o q não é suficiente) e eu não falo bem, mas porra eu quero tentar. E mesmo q eu passe na prova eu com certeza vou continuar a estudar (Se a UDI deixar né e se eu ainda estiver por aqui ehehheheh).
    O professor falou q é ruim pra ele ter muitos alunos reprovados, pois a escola vê os resultados de cada professor.
    Agora me fala o q q é pior: ter uma sala com 22 alunos onde ninguém se sente preparado (não aprenderam quase nada) o suficiente para tentar uma prova? ou ter alunos que pelo menos tentam fazer a prova? Eu acho terrivel isso tb. Mas o professor disse que se a pessoa quer mesmo fazer a prova ela pode ligar lá no lugar responsavel e tal e se inscrever sem qq vinculo com a escola.

    Mas Má, vc paga o curso? Pq eu achei q só quem pagava o curso q tinha q pagar a prova. E ainda por cima o curso vai aumentar ano q vem ehehheheh. Tô é ferrada mesmo.

    Marcela meu, não sai do curso agora não cabeça. E fala q quer prestar a prova mesmo assim. E se vc fizesse só o skriftlig e deixar o muntlig para maio? Eu vou é fazer os dois mesmo e seja o q Deus quiser ehehheheheh

    Bjssss

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    1. Pq um texto grande merece um comentário à altura ehehehheheheh. Me empolguei, desculpa ai por tomar todo o espaço dos coments ahahahhahha

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Oi!!! Tudo bem? Pois é, andei sumida mas agora voltei. Então, eu faço o curso à tarde, 3 vezes na semana, 3 horas por dia. 9 horas no total.
      Quanto ao pagamento, eu tenho direito à gratuidade, por isso não pago pela prova, quem paga é a escola ( tenho direito a fazer 2 provas que a escola paga). Ele sugeriu que eu mesma me matriculasse no site da folkeuniversitetet se quisesse fazer a prova, mas nesse caso eu pagaria. Ora, se eu tenho direito a fazer através da escola, porque eu iria me inscrever e pagar por isso? Por que ele não acredita no meu potencial, ou porque ele está de birra comigo. Sendo que eu passei no simulado que ele mesmo aplicou na turma, então a desculpa dele é que não vou passar na prova oral. Vou sair do curso porque vou viajar e se não saísse ia ficar levando faltas. E para quem faz curso gratuito, se tiver um percentual alto de faltas, pode ser obrigado a pagar pelo curso todo, já ouviu esse detalhe? Por isso pedi para sair. Minha esperança era resolver esse problema porque quando voltasse teria perdido aulas e poderia entrar em outra turma- COM OUTRO PROFESSOR! Rsrs.

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    4. MARCELAAAAAAaaaa me deixou aqui morrendo de inveja de vc ehheheheh. Vc vai para o Brasil? AH q lindo. Aproveita tudo la duas vezes (uma pra vc e uma pra mim) ehhehehhehe. Agora eu entendi a parada das faltas, eu não sabia. E pagar a prova q vc tem direito de fazer de graça é tenso. Eu vou pagar com dor no coração ahahahhaha. É tenso, mas fala com ele, o cara lá da turma bateu o pé e o professor deixou ele fazer a prova (q absurdo né, deixou ahahahahh). Quem sabe né? Mas acho q ele tá de birra contigo viu... O pior de tudo isso é que atrapalha um monte de planos né? eles não pensam nisso pq a maioria não quer nem saber faz as 350 horas lá q tem direito em 10 anos ehehehheheh.

      Espero q consiga resolver isso de uma forma boa pra vc. E aproveita muito tudo no Brasil. Trás um pão frances pra mim? ahhahhahahhaha

      BJSSSSSSSS

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  2. Pois é Marcela,acredito que seu professor esteja entalado com você,acredito também que o sistema do curso faça muita pressão no professor para só deixar fazer a prova se o aluno souber falar bem o Norueguês,para que não haja reprovação e o curso seja sempre o "melhor";mas enfim,creio que se você fizer a prova você vá passar,pelo seu temperamento persistente,lutadora,e vencedora.Mas há algo acima de Nós ,que é a vontade de Deus,que é perfeita;você pode não entender agora,mas um dia irá entender que Deus pode não ter permitido que fosse da forma que você planejou.Mas com certeza vai acontecer o melhor com você ,seja fazendo a prova agora ou em maio de 2013,por que Deus é contigo menina!Bjs

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  3. Ao passar pela net encontrei o seu blog , que me chamou à atenção li a primeira postagem e folhe-ei mais lagumas, é um blog feito com muito entusiasmo, e dedicação, gostei do conteúdo e quero deixar os meus parabéns, quando encontro um blog bom deixo sempre um comentário e um convite.Ficarei grato se me der a honra da sua visita no meu blog O Peregrino E Servo. Se desejar seguir eu sempre vou retribuir seguindo seu blog também.
    Sou António Batalha, cristão evangelico. Deixo a minha benção, e a paz de Jesus.
    PS.Ao seguir meu blog faça-o de forma a que eu possa encontrar o seu blog, para que possa segui também.

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    1. Obrigada pela visita e comentário. Vou passar lá para ver o seu blog.

      -Marcela.

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  4. Olá!!
    Eu adorooo essas festinhas culturais, adoro conhecer um pouquinho de outros países nesses encontros!
    Quanto a prova de norueguês, não fique triste pelo que seu professor falou(que você ainda não estava preparada).Eu vou te dar um conselho de quem se arrependeu HORRORES por ter terminado a escola gratuíta cedo.Fique na escola o quanto for possível, porque no momento que você passar na prova 3, você termina tudo e ainda não está preparado para uma universidade, se este é seu desejo.Acho que até para algumas profissões pode ser difícil com pouco norueguês.Eu terminei o curso, passei nas provas, mas não era suficiente.Tive que voltar ao banco da escola, desta vez pagando 6000kr por 1 mês de aulas(2 aulas por semana, uns 5 capitulos de um livro).Claro que dedicacao e vontade de aprender varia de Pessoa para Pessoa, pode ser que para você seja suficiente.Mas pense muito nisso antes de terminar teu curso por completo.Às vezes é melhor ficar mais um pouqinho para lapidar bem a nova língua, deixe eles te prepararem para o Bergenstest!Ouvi dizer que a primeira prova é por conta da escola(o que não aconteceu para mim) :)
    beijoooos
    Nara

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    1. Oi Nara, obrigada pelas dicas... Acabei fazendo a norskprøve 3 e agora estou aguardando o resultado. Também já trabalho, então comigo a ordem das coisas aconteceu diferente. Mas meu norueguês ainda tem muito o que melhorar e se um dia eu quiser estudar e precisar do Bergenstest aí sim eu vou ter que voltar à escola e acredito no que você disse, vou me arrepender... Mas estava meio ansiosa e não quis esperar afinal de contas Time is money rsrsrs Bjs

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