sábado, 23 de abril de 2011

De volta para casa?


Gargalhadas no metrô, eu sorrio. Uma pequena discussão. Espontânea. Ninguém esconde suas emoções. Agora eu me lembro.
Calor demais, o batom derreteu. Eu me sinto abafada, e o meu vazio sufoca. Nada mudou por aqui, em compensação eu...

A saudade estava me dilacerando, de pouquinho a pouquinho. Me lembrava da família, cultura, comida, festas. Por que será que agora eu não consigo me entregar a esses conhecidos prazeres? Onde foi que foi parar a menina que saiu daqui há 6 meses atrás? Ela não veio comigo, e também não ficou na Noruega. Está em algum lugar no meio do caminho, e eu não me lembro por onde passei.

O estranhamento é grande. Por um lado, nada é novo. Por outro, eu ainda não sei lidar com a pessoa que me tornei. Não sei o que mudou em mim, e não adianta gritar pois ninguém vai entender. Eu como sempre, estou falando em outra língua.

Um rapaz pede para sentar ao meu lado no ônibus. O papo é cheio de uma intimidade invasiva demais para um estranho. Ele quer sexo fácil, e eu quero ser deixada em paz. Não quero conhecer gente nova, com os amigos que tenho está mais do que bom. Mmm, que estranho. Me tornei um pouco mais estrangeira e agora está difícil me encaixar na forma antiga que usava. Não é fácil, e tudo que fazemos tem um preço que se paga, que a gente só descobre depois que já levou para casa.

As pessoas continuam com sua vida normal, suas atividades de antes. E eu... E eu? Não sei.

Essas transformações são sempre muito solitárias.

Eu já tinha aprendido que leva um tempo para se entregar ao novo. Eu só não sabia que também leva tempo para se entregar ao velho.

3 comentários:

  1. Marcelinha, está show de bola! Parabéns! Acho que aquela idéia da qual falamos hoje, durante a caminhada vai rolar! vc escreve muito bem!
    Conte sempre comigo!
    bjs

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  2. estou com medo de voltar pela segunda vez ao Brasil. acho que a cada ida (ou seria "volta"), tudo vai ser mais estranho, cada vez mais estranho.

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