Quando nem tudo são flores eu me pergunto se estou fazendo a escolha certa, de deixar o meu país. Sim, aquele, aquele mesmo do qual eu tanto reclamava, mas que eu agora dou muito mais valor, por não tê-lo. Não posso deixar o sentimentalismo barato de quem reclama de barriga cheia tomar conta e me fazer esquecer que; eu sentia tédio, solidão e incompreensão lá muitas vezes, assim como sinto aqui. Que eu hoje, depois de descobrir que as coisas não são fáceis aqui para nós, que nascemos em outro cantinho do mundo e temos nosso diploma aceito pelo NOKUT porém apenas 2 anos do que estudamos são reconhecidos, e para ser por exemplo professor aqui temos que ter no mínimo 3 anos, o que resulta em ter que estudar mais 1 ano na universidade, ou provavelmente 2 anos ou mais, pelo que imagino e sendo realista. E que para isso, teremos que passar no teste de proficiência em norueguês e em inglês, e que no total eu imagino que levará 4 anos todo esse processo... Talvez menos, talvez mais, talvez nunca aconteca, quem vai saber? Minha vontade de estudar norueguês e falar perfeitamente é zero, primeiro porquê não gosto do idioma, segundo porquê não é uma língua importante no mundo, terceiro porquê o tempo que vou passar estudando uma coisa que não gosto e tendo que me formar de novo numa profissão que no meu país eu já tenho, penso que poderia fazer um mestrado, aprender francês e italiano, estudar algo que eu goste...
Tenho medo de não querer ficar na Noruega para sempre, por desconhecer o futuro e além disso já conversei com algumas pessoas que estão aqui há anos e adorariam voltar ao Brasil. Esse fenômeno não acontece só aqui, já conheci brasileiras que moram na Alemanha e na Suíca que falam o mesmo, e assim por diante. Conheco também quem diga que ama, mas acho estranho. Não vou mentir, gosto daqui. Gosto sim. Mas amar... Não sei não. Amor é pra vida toda. Por isso tenho receio de dizer essa frase. E aí comecam os "e se..." E se eu voltar ao Brasil e tiver perdido anos preciosos da minha vida? E se eu quiser voltar e não conseguir um bom emprego lá? E se eu voltar e não tiver pago minha aposentadoria lá por anos? E se eu quiser voltar e tiver filhos aqui, como vou fazer? E se o meu marido quiser ir comigo e não arrumar um emprego por lá? E se eu ficar casada com um homem que nunca vai entender minha língua e minha cultura e eu tampouco a dele? E se... E se... E se....
E se eu me perder e ficar aqui, por orgulho, por estar amarrada à convencões, por amar mais o dinheiro do que a alegria? Eu vejo pessoas assim. Talvez seja exagero pensar que isso só acontece aqui, se no Brasil mesmo existem tantas que vivem infelizes para não abrir mão do padrão de vida, não é mesmo? Sei também que a paz e a alegria estão em qualquer lugar onde nós a convidamos e buscamos! Mas o sentimento de nostalgia por vezes é forte de mais, e há momentos em que inevitavelmente refletimos sobre como a vida seria se não tivesse sido assim. Uma vez mais eu penso que esse sentimento não é unicamente dos expatriados. Quem nunca morreu de tristeza imaginando como seria a vida se não tivesse terminado com aquele ex? Quem nunca imaginou que, se estivesse com aquela pessoa ainda, a vida seria mais colorida e menos sofrida? E depois morreu de remorso, arrependimento e nostalgia por ter errado, por ter desgastado, por ter terminado. Não seria normal que de tempos em tempos a reflexão sobre as escolhas que fizemos na vida venham à tona, cheias de dúvidas que muitas vezes não temos resposta ou que às vezes anos depois descobrimos.
É verdade também que algumas coisas me revoltam por aqui, me sinto tolhida, como se o país estivesse me impedindo de caminhar, de crescer, de florescer profissionalmente, por exemplo. Mas uma vez mais, coloco os pés no chão e me lembro de quantas vezes eu me desiludi no meu próprio país por conta da corrupcão, falta de oportunidade, salários baixos e exploracão. E que aqui, essa terrinha gelada já me honrou muitas vezes, já me surpreendeu e HEY! Estou aguardando as novas surpresas! Que venham sem demora, estou precisando de uma sacudida!
Carioca morando em Oslo, Noruega. Viajante por paixão e por profissão. Guia oficial de Oslo, Noruega. Instagram e Facebook: guianoruega
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quarta-feira, 22 de agosto de 2012
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Definição e características de choque cultural
Choque cultural é a dificuldade que as pessoas têm para se ajustar a uma nova cultura diferente da sua.

1- Lua de mel
Durante este período, as diferenças entre a cultura antiga e a nova são vistos sob uma ótica romântica, maravilhosa e nova. Por exemplo, o indivíduo pode amar a nova comida, o ritmo de vida, os hábitos das pessoas, as construções e assim por diante. Durante as primeiras semanas, a maioria das pessoas ficam fascinadas pela nova cultura. Eles se aproximam dos nativos, que falam outra língua e são educados com os estrangeiros. Este período é cheio de observações e novas descobertas. Como toda lua de mel, esta fase, eventualmente, termina. "Quando um indivíduo se propõe a estudar, viver ou trabalhar em um novo país, ele ou ela vai invariavelmente experimentar dificuldades com a língua, moradia, amigos, escola, trabalho ..."
2 - Fase de negociação
Depois de algum tempo (geralmente três meses, mas pode variar de acordo com a pessoa), as diferenças entre a cultura antiga e nova se tornam aparentes e isso pode criar ansiedade. A empolgação pode dar lugar a sentimentos desagradáveis de frustração e raiva, de acordo com a vivência de eventos desfavoráveis que podem ser percebidos como estranhos e ofensivos para a cultura do indivíduo. Barreiras linguísticas, grandes diferenças na higiene pública, na segurança do trânsito, acessibilidade e qualidade dos alimentos podem aumentar a sensação de desconexão com o novo ambiente. Quando transferido para um ambiente diferente, há mais pressão nas habilidades de comunicação e existem dificuldades práticas para superar, como adaptação da flora intestinal a diferentes níveis de bactérias e concentrações nos alimentos e água; dificuldade em buscar tratamento para a doença, pois medicamentos podem ter nomes diferentes dos do seu país e os mesmos princípios ativos podem ser difícil de se reconhecer. Ainda assim, a mudança mais importante no período é a comunicação: as pessoas que estão se ajustando a uma nova cultura podem se sentir sozinhos e com saudades de casa porque tem que se acostumar ao novo ambiente e conhecer pessoas com quem não estão familiarizados, todos os dias. A barreira da língua pode tornar-se um grande obstáculo na criação de novos relacionamentos: atenção especial deve ser dada a linguagem corporal do estrangeiro e dos nativos e suas características específicas e culturais , gafe linguística ( falar algo que não soa bem no país estrangeiro), tom de conversação, nuances lingüísticas e costumes, e palavras que são parecidas nas duas línguas mas com significados completamente diferentes e podem causar confusão (false friends).
Durante este período, as diferenças entre a cultura antiga e a nova são vistos sob uma ótica romântica, maravilhosa e nova. Por exemplo, o indivíduo pode amar a nova comida, o ritmo de vida, os hábitos das pessoas, as construções e assim por diante. Durante as primeiras semanas, a maioria das pessoas ficam fascinadas pela nova cultura. Eles se aproximam dos nativos, que falam outra língua e são educados com os estrangeiros. Este período é cheio de observações e novas descobertas. Como toda lua de mel, esta fase, eventualmente, termina. "Quando um indivíduo se propõe a estudar, viver ou trabalhar em um novo país, ele ou ela vai invariavelmente experimentar dificuldades com a língua, moradia, amigos, escola, trabalho ..."
2 - Fase de negociação
Depois de algum tempo (geralmente três meses, mas pode variar de acordo com a pessoa), as diferenças entre a cultura antiga e nova se tornam aparentes e isso pode criar ansiedade. A empolgação pode dar lugar a sentimentos desagradáveis de frustração e raiva, de acordo com a vivência de eventos desfavoráveis que podem ser percebidos como estranhos e ofensivos para a cultura do indivíduo. Barreiras linguísticas, grandes diferenças na higiene pública, na segurança do trânsito, acessibilidade e qualidade dos alimentos podem aumentar a sensação de desconexão com o novo ambiente. Quando transferido para um ambiente diferente, há mais pressão nas habilidades de comunicação e existem dificuldades práticas para superar, como adaptação da flora intestinal a diferentes níveis de bactérias e concentrações nos alimentos e água; dificuldade em buscar tratamento para a doença, pois medicamentos podem ter nomes diferentes dos do seu país e os mesmos princípios ativos podem ser difícil de se reconhecer. Ainda assim, a mudança mais importante no período é a comunicação: as pessoas que estão se ajustando a uma nova cultura podem se sentir sozinhos e com saudades de casa porque tem que se acostumar ao novo ambiente e conhecer pessoas com quem não estão familiarizados, todos os dias. A barreira da língua pode tornar-se um grande obstáculo na criação de novos relacionamentos: atenção especial deve ser dada a linguagem corporal do estrangeiro e dos nativos e suas características específicas e culturais , gafe linguística ( falar algo que não soa bem no país estrangeiro), tom de conversação, nuances lingüísticas e costumes, e palavras que são parecidas nas duas línguas mas com significados completamente diferentes e podem causar confusão (false friends).
3 Fase de ajustamento: Mais uma vez, depois de algum tempo (geralmente de 6 a 12 meses), a pessoa se acostuma à nova cultura e desenvolve rotinas. A pessoa já sabe o que esperar na maioria das situações e o país anfitrião não é mais tamanha novidade. A pessoa fica preocupada com o cotidiano novamente, e as coisas se tornam mais "normais". A pessoa começa a desenvolver habilidades para resolver problemas em lidar com a cultura, e começa a aceitá-la com uma atitude positiva. A cultura começa a fazer sentido, com menos reações e respostas em relação a ela.
hoque de transição:
O choque cultural é uma subcategoria de uma construção mais universal chamada choque de transição. Choque de transição é um estado de perda e desorientação provocado por uma mudança em seu ambiente familiar que requer ajuste. Há muitos sintomas de choque de transição, alguns dos quais incluem:
1-preocupação excessiva com limpeza e saúde
3-irritabilidade
4-olhar vidrado5-saudades de casa e velhos antigos
6-reações fisiológicas de estresse
7-nostalgia 8-tédio
9-afastamento
10-ficar "preso" em uma coisa apenas
11-sono excessivo
12-comer compulsivamente, beber, ganhar peso
13-estereotipar o povo
14-hostilidade com o país de acolhimento
Resultados:
Há três resultados básicos da fase de ajustamento:
1-Algumas pessoas acham impossível aceitar a cultura estrangeira e se integrar. Eles se isolam do ambiente do país anfitrião, que eles acham hostil, formam "guetos" e vêem o retorno à sua própria cultura como a única saída. Esses também têm os maiores problemas de re-integração à volta para casa após o regresso.
2-Algumas pessoas integram-se plenamente e assumem toda a cultura do novo país e perdem sua identidade original. Eles normalmente permanecem no país de acolhimento para sempre. Esse grupo é por vezes conhecido como "adopters"( adotantes ou os que adotam).
3-Algumas pessoas conseguem adaptar os aspectos da cultura de acolhimento que eles vêem como positiva, mantendo alguns dos seus próprios e criam sua mistura única. Eles não têm grandes problemas de voltar para casa ou relocalizar em outros lugares. Este grupo pode ser pensado como um pouco cosmopolita.
Choque cultural tem muitos efeitos diferentes, intervalos de tempo, e graus de severidade. Muitas pessoas passam por essas dificuldades e não reconhecem o que o está incomodando.
4- Fase do domínio: Nessa fase o indivíduo é capaz de participar plenamente na cultura de acolhimento. Domínio não significa conversão total; muitas vezes as pessoas mantêm muitos traços de sua cultura anterior, tais como sotaque e língua. É muitas vezes referida como a fase de biculturalismo.
Choque cultural reverso: pode acontecer voltando para casa após ter crescido acostumado a um novo país. Pode produzir os mesmos efeitos descritos acima. Isso resulta das conseqüências psicossomáticas e psicológicas do processo de reajustamento da cultura primária. A pessoa afetada muitas vezes acha isso mais surpreendente e difícil de lidar do que o choque cultural original.
O artigo original está na wikipedia(somente em inglês) eu traduzi para o português e dividi aqui.
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